sábado, 12 de setembro de 2009

MANISFESTO POR PORTUGAL

Como podemos explicar que esta crise financeira tenha chegado sem qualquer pré aviso? Como podemos imaginar que instituições como o Banco de Portugal, o Banco Central Europeu, entre outros, não tivessem já accionado os mecanismos de alarme? Como podemos explicar, que o Presidente da República, o Primeiro Ministro, Ministros, Secretários de Estado, os Deputados da República e os líderes dos diferentes partidos políticos, nunca tenham referido sequer esta possibilidade?

Quem possuía a informação? Como a tratou? Que intenções teria em a abafar?

Não sei se já perceberam, caros concidadãos, mas a crise de que falamos hoje, embora financeira é meramente e sobretudo uma crise de credibilidade. Como poderão querer eles, que depois de tudo isto, continuemos a acreditar nas instituições nacionais? Como querem eles que, depois dos debates televisivos, plenários da república, reuniões das comissões parlamentares, etc, etc., etc.? Das discussões sobre o “sexo dos anjos”, das querelas políticas e das mesquinhez mundanas, o povo desta nação continue fomentar a pouca credibilidade política que já dispunham?

Estou perdido!

Não sinto credibilidade em ninguém para nos governar na gincana dos tempos que correm. Pela necessidade que temos de encontrar alguém astuto, criativo, coerente e isento. Deixei de confiar em quem quer que seja, e não há governante algum que tenha a capacidade de nos explicar o que nos atingiu; as consequências; e as perspectivas. Porque todos eles foram, de uma forma ou de outra, os mentores da situação em que nos encontramos.

Não posso aceitar... Não posso aceitar continuar a ouvir os comentários políticos... Lembrem-se caros deputados, ministros e outros: - haveis jurado ser fieis à constituição da república; vocês juraram defender Portugal e o vosso povo... Não me lembro de ver alguma referência a interesses políticos e partidários nos juramentos que proferiram.

Portugal é uma farsa. Não conseguimos sequer que o nosso sistema de justiça funcione. Não conseguimos sequer apontar os prevaricadores... Todos saem incólumes, como se nada tivesse acontecido. A culpa como sempre morre solteira. E ainda por cima, dão-se ao luxo de mostrar um sorriso enquanto driblam o sistema.

Não podemos continuar a aceitar este tipo de posturas. Temos que, ou hoje ou nunca, aproveitar para criar a ruptura, a cisão com esse passado famigerado. E acreditem que hoje, dada a conjuntura, e tendo a consciência que os tempos que se avizinham não serão melhores do que o actual. Que, estamos no momento ideal para demonstrar a desolação, o desespero em que nos encontramos... Por Portugal!

Temos que o fazer! Temos que escolher entre continuar no “diz que disse”, no “foi ele”, no “já vem do passado”, ou ainda no “para o ano será melhor” e parar para pensar. Reflectir, todos junto, sem politiquices nem interesses. Temos que o fazer, não por nós. Pelos nossos filhos.

Se não vejam: - Questionem há quanto tempo ouvimos dizer que Portugal está no bom caminho? Será sinal de estar no bom caminho, quando retrocedemos na nossa posição na EU? Será sinal de bom caminho, assistir à destruição de todo o nosso tecido empresarial? É bom o caminho do desemprego? Do desespero? Do endividamento? É esse o bom caminho, para quem?

Tenho-vos a confessar uma coisa: -Pensei sinceramente, quando foi anunciado o arranque do TGV, anular a minha nacionalidade portuguesa. Porque não posso aceitar que se continue no “faz de conta” e no “atirar para trás das costas” e que continuemos a fazer sistematicamente a mesma coisa, décadas atrás de décadas. Não posso compreender que se continuem a cometer os mesmos erros vezes sem conta. Que continuem a hipotecar o que é dos nossos filhos, por questões de agenda política. Não posso aceitar, que os interesses partidários ou supostamente partidários se atravessem à frente dos interesses da Nação.

Muito mais haverá com certeza para apontar como falhas e como a incompetência, a ignorância e a mesquinhez tem vindo ano após ano a retardar sistematicamente o progresso da Nação.

Cabe na cabeça de alguém que não haja planeamento no país!? Quem sabe hoje na situação em que nos encontramos? Alguém sabe por acaso para onde vamos? – Vejo a maior parte dos empresários de décadas com uma estratégia de “paninhos quentes” a tentar aguentar os “barcos” por mais 2 ou 3 meses para ver onde isto vai parar... Parem, parem imediatamente porque isto não se vai resolver com 2 ou 3 meses, nem se calhar em 2 ou 3 anos... Vejam os sinais, e vejam que todos os estudos indicam para que o fundo desta crise seja atingido lá para o 2.º semestre de 2010...

Com insistência tem vindo a ser referido que não há volta a dar... O sector financeiro americano vai entrar em colapso. Que corremos o risco que assistir a uma hiper-inflação... Note-se que a china, a Rússia entre outros prevendo a desvalorização brutal do Dólar têm vindo a anunciar com insistência a criação de uma moeda única mundial. A Rússia anunciou ter reduzido desde Março, a sua exposição ao Dólar, o Euro assume-se agora como a principal moeda na reserva russa.

A administração Obama está a braços com um deficit astronómico; o plano Geithner irá retirar toda e qualquer margem para por em prática o ambicioso programa de relançamento da economia americana... Começamos a ouvir falar com insistência de revoltas sociais.

O mesmo cenário para a Inglaterra entre muitos outros.

Portanto, não podemos esperar nada de bom, ou melhoras para os tempos que se avizinham. Temos, isso sim de estar conscientes da profundidade e extensão desta crise e tomar-mos medidas práticas, inovadoras e paradigmáticas. Vivemos momentos de crise, profunda. Provou-se com este mega hecatombe que, tudo o que tem sido feito até agora está completamente errado. Temos que repensar estratégias e abordagens, voltar à velha e básica norma que a riqueza só se cria com trabalho, muito trabalho e que não há receitas milagrosas.

Gostava obviamente que conseguíssemos criar essa ruptura... Que será com certeza dolorosa, para mim, para si e para todos... Doa a quem doer, o futuro passa por deixar-mos de esconder o sol com a peneira... O futuro passa por termos a capacidade de encarar a realidade e de percebermos que temos de deixar de viver como vivíamos.

Caros concidadãos, temos que ser coerentes com as nossas posições, cultura, crenças, religiões e orientações, mas temos que sobretudo ter a consciência que tudo depende de nós e que no fim de contas o que conta, o que nos interessa é um futuro melhor para o nosso país e para os nossos filhos.

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