terça-feira, 11 de maio de 2010

BATATA QUENTE

Como interpretar hoje as movimentações deste e do outro lado do Atlântico? Parece-me que agora todos se aperceberam da insustentabilidade da situação. E nada melhor para explicar o actual contexto económico, financeiro e político Mundial de que falar no jogo do empurra.

Todos tomaram consciência da existência da existência de uma batata quente que é, hoje mais que nunca evidente, que irá ser o colapso de todo o sistema económico e financeiro Mundial. E portanto, a guerra que está a ser travada tem o objectivo de tentar, “sacudir a água do capote” ou como referido no título, arremessando com a “batata quente” de um lado para outro do Atlântico.

Ora os americanos atacam a estabilidade da moeda única e da zona Euro, servindo-se dos Estados Frágeis, entretanto denominados de PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Quais as armas utilizadas? As agências de Rating que dominam a avaliação de risco de incumprimento do pagamento da dívida a nível Mundial e, que por acaso estão sedeadas nos EUA. A arma menos visível, mas que percebe-se, está a desempenhar um papel fulcral nesta guerra, aliás como se verificou no caso da Grécia, é a instituição financeira Goldman Sachs, também ela americana. Há com certeza outras armas mas que desempenham papeis menos aparentes e que por esse motivo, se constituem num alvo de controvérsia.

Ora do lado Europeu, a resposta tem sido ténue e incipiente. Numa primeira fase, com pressão cambial, que tem vindo a empreender a sistemática desvalorização do Dólar, que como sabemos é uma estratégia denominada de “faca de dois gumes”. Ora responde, com o Mega Fundo anunciado no passado dia 9 de Maio, que é uma resposta concreta ao ataque americano. Prevendo o dito Fundo o apoio financeiro, na situação mais pessimista gerada pelo colapso de todos os países em risco na zona Euro. Empreende-se desta forma uma blindagem ao Euro, mas anuncia-se paralelamente a inevitabilidade do colapso das Nações PIIGS. O que colocará questões profundas na exequibilidade na concretização do dito Fundo.

Estamos portanto, num pim-pam-pum transcontinental que não é mais do que uma bomba relógio. Ninguém, nem os EUA nem a Europa pretendem tornar-se na ovelha negra Mundial, ninguém gostará de se tornar na cavilha que despoletou a granada de implosão do sistema económico e financeiro Mundial.

Estamos todos – Portugal, a Europa e o Mundo - perante uma encruzilhada. Por um lado, continuarmos a assistir a essa troca consecutiva da “batata quente”, fazendo figas para que expluda do outro lado do Atlântico; pese embora, não perceba o que isso poderá beneficiar do lado de cá; ou, enfrentar a inevitabilidade do colapso e trabalhar desde já, numa estratégia pró activa no período pós colapso.

Eu continuo a dizer que só nos resta esse caminho! O de tomar a dianteira. Tendo a vantagem de assumir como objecto de estudo a Grécia. Percebendo os impactos que advirão do colapso da sua economia, começar a trabalhar numa estratégia que atalhe caminho perante o facto consumado. Portugal tem hoje a possibilidade de abdicar da sua constante reactividade.

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